domingo, 23 de junho de 2013

Rio seu cenário é uma beleza- população sofre, governo transforma cidade em empresa

Não é de hoje que ocorrem questionamentos com relação aos gastos exorbitantes com os megaeventos realizados no país, mas especificamente no Rio.
Bilhões são gastos em obras de estádio, que nunca tem um valor fixo, sempre aumentam cada vez mais, e não há prestação de contas.
O fato é que a realização desses megaeventos não possui nenhum cunho social, pelo contrário, é a reafirmação de um projeto de cidade maravilha baseado em planejamentos que visam o empresariamento urbano.  O que ocorre é uma maquiagem, uma forma de tornar a cidade mais apresentável para o olhar dos estrangeiros e dos investidores, com a implementação de políticas que o governo queria por em prática há muito tempo, mas não tinha coragem. Basta ver o legado deixado pelo Pan Americano, que não acrescentou em nada para a população do país, pelo contrário. Foram gastos bilhões para áreas que não foram aproveitadas e estão abandonadas, como o velódromo, o parque aquático e a vila olímpica.
Um outro exemplo é o estádio do Engenhão, que custou quatro vezes mais caro do que o previsto (de 80 milhões passou para 320 milhões), e ainda assim possui uma série de problemas, como a falta de uma sub-estação de energia, fazendo com que tenha que dividir a energia com as residências ao seu entorno.


Engenhão    Foto: Divulgação/ Botafogo




Pode-se citar também a expansão do metrô do Centro até a Barra da Tijuca, o mapa do saneamento, a exclusão das favelas no mapa da cidade, recolhimento compulsório de usuários de crack, remoção de famílias de áreas interessantes para o governo, entre outros.
Há também o estádio do  Maracanã que foi construído para receber pessoas de todas as classes, tornando-se um símbolo justamente por esse caráter de participação popular e que hoje a intenção é transformar este complexo esportivo num complexo de entretenimento reservado para poucas pessoas que poderão ter acesso, devido ao alto custo dos ingressos. Essa privatização é o símbolo do projeto de cidade que está sendo realizado, de modo que expulsando a população carente dos estádios, transforma-os em verdadeiros estúdios para a classe média, e acaba lucrando muito com isso.


Maracanã   Foto: O Globo On line

Com relação à segurança não é diferente. O mapa das UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) passa pelas áreas que são privilegiadas, que tem interesse para o governo, como o corredor hoteleiro da Zona Sul (onde todas as favelas estão ocupadas militarmente), zona portuária, Cidade de Deus (única que não estava sob o controle das milícias na região da Zona Oeste), o trajeto que vai até o aeroporto e o entorno do Maracanã. Percebe-se que este mapa não corresponde ao mapa da segurança pública, pois contempla apenas áreas específicas, enquanto outros bairros se encontram abandonados, visto que com a implantação das UPP’s ocorre o deslocamento dos infratores para regiões metropolitanas e Baixada Fluminense, que ficam entregues ao descaso do poder público e nada é feito quanto a isso.

 http://baianadagema.files.wordpress.com/2010/09/mapa_upp.jpg

A tentativa de trazer para a população o orgulho cívico, o patriotismo, é uma forma de justificar os enormes gastos com as obras e desviar a atenção para outro âmbito, que corresponde à festa pra população, sobretudo devido ao futebol, que é do interesse de todos; ao legado que esses eventos supostamente trarão, dando a idéia de que após a realização a população poderá usufruir do que foi construído, entre outros.
Esse plano de cidade acaba ocasionando o aumento da desigualdade, a privatização/elitização do espaço público e o rompimento com a cidadania e a equidade, tendo em vista que bilhões são gastos para a construção de estádios enquanto a maioria da população vive em condições deploráveis, passam horas na fila do hospital para serem atendidas por um serviço precário (quando conseguem atendimento), as escolas públicas não tem nenhuma infra-estrutura, ou seja, ocorrem investimentos para os empresários terem uma visão ilusória de que a cidade vai bem, enquanto a população está abandonada. Sendo assim, o grande questionamento que surge é até que ponto o plano de cidade empresa causa impacto na população e por que é tão difícil investir em serviços públicos de qualidade.

http://uniaocampocidadeefloresta.files.wordpress.com/2011/06/charge-copa2014-710904.jpg?w=448&h=533

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